OS MAIAS
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te-te, Carlinhos, veste-te, que a responsabilidade é minha!

— ­É um bébé, não é?

— ­Qual bébé!... É uma pequena crescida, de seis annos... Anda d’ahi!

Carlos, já em mangas de camisa, estendia o pé ao Baptista, que, com um joelho em terra, apressado tambem, quasi fez saltar os botões da bota. E Damaso, de chapéu na cabeça, agitava-se, exagerando a sua impaciencia, a estalar de importancia.

— ­Sempre a gente se vê em coisas!.. Olha que responsabilidade a minha! Vou visital-os, como costumo ás vezes, de manhã... E vae, tinham partido para Queluz.

Carlos voltou-se, com a sobrecasaca meia vestida:

— ­Mas então?..

— ­Escuta, homem! Foram para Queluz, mas a pequena ficou com a governanta... Depois do almoço deu-lhe uma dôr. A governante queria um medico inglez, porque não falla senão inglez... Do hotel foram procurar o Smith, que não appareceu... E a pequena a morrer!... Felizmente, cheguei eu, e lembrei-me logo de ti... Foi sorte encontrar-te, caramba!

E acrescentou, dando um olhar ao jardim:

— ­Tambem, irem a Queluz com um dia d’estes! Hão-de-se divertir... Estás prompto, hein? Eu tenho lá em baixo o coupé... Deixa as luvas, vaes muito bem sem luvas!

— ­O avô que não me espere para almoçar, gritou Carlos ao Baptista, já do fundo da escada.