OS MAIAS
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as escadas, mandei-lhes logo um telegramma para o hotel em Queluz. Não estou para ter mais responsabilidades!...

No corredor, defronte do escriptorio, um criado passava, com um guardanapo debaixo do braço:

— ­Como está a menina? gritou-lhe o Damaso.

O criado encolheu os hombros, sem comprehender.

Mas Damaso já trepava o outro lanço de escada, soprando, gritando:

— ­Por aqui Carlos, eu conheço isto a palmos! Numero 26!

Abriu com estrondo a porta do numero 26. Uma criada, que estava á janella, voltou-se.

Ah bonjour, Melanie! exclamava Damaso, no seu extraordinario francez. A creança estava melhor? l’enfant etait meilleur? Ali lhe trazia o doutor, monsieur le docteur Maia.

Melanie, uma rapariga magra e sardenta, disse que Mademoiselle estava mais socegada, e ella ia avisar miss Sarah, a governanta. Passou o espanador pelo marmore d’uma console, ageitou os livros sobre a meza, e sahiu, dardejando a Carlos um olhar vivo como uma faisca.

A sala era espaçosa, com uma mobilia de réps azul, e um grande espelho sobre a console dourada, entre as duas janellas: a meza estava coberta de jornaes, de caixas de charutos, e de romances de Cappendu; sobre uma cadeira, ao lado, ficára enrolado um bordado.

— ­Esta Melanie, esta desleixada, murmurava o