OS MAIAS
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res. Na rua silenciosa cahia já uma sombra de crepusculo. Atirou as redeas ao cocheiro, atravessou o pateo. Nunca viera visitar o Cruges, nunca subira esta escada; e pareceu-lhe horrorosa, com os seus frios degraus de pedra, sem tapete, as paredes nuas e enxovalhadas alvejando tristemente no começo de escuridão. No patamar do primeiro andar parou. Era alli que ella vivia. E ficou olhando, com uma devoção ingenua, para as tres portas pintadas d’azul: a do centro estava inutilisada por um banco comprido de palhinha, e na do lado direito pendia, com uma enorme bola, o cordão da campainha. De dentro não vinha um rumor: — ­e este pesado silencio, juntando-se ao movimento de stores que elle vira fechar-se, parecia cercar as pessoas que alli viviam de solidão e de impenetrabilidade. Uma desconsolação passou-lhe na alma. Se ella agora, só, sem o marido, começasse uma vida reclusa e solitaria? Se elle não tornasse mais a encontrar os seus olhos?

Foi subindo de vagar até ao andar do Cruges. E mal sabia o que havia de dizer ao maestro para explicar aquella visita extranha, deslocada... Foi um allivio quando a criadita lhe veiu dizer que o menino Victorino tinha sahido.

Em baixo, Carlos tomou as redeas, e foi levando lentamente o phaeton até ao largo da Bibliotheca. Depois retrocedeu, a passo. Agora, por traz do store branco, havia uma vaga claridade de luz. Elle olhou-a como se olha uma estrella.

Voltou ao Ramalhete. Craft, coberto de pó, esta-