Ah! Se Christovam Colombo armasse duas caravelas á sua custa, ou conseguisse que um capitalista o commanditasse, com que facilidade elle obteria de D. João II todas as concessões que desejasse! Foi uma felicidade para o mundo que Colombo não tivesse dinheiro para a empreza, nem socios capitalistas. Se os tivesse, quando percorresse tanta extensão de mar sem encontrar terra, quando visse a perspectiva de perder completamente o seu dinheiro ou o dos seus socios, talvez não ousasse proseguir, e decerto lh’o não consentiriam os que representavam a bordo os interesses dos armadores. Para se levar a effeito essa obra grandiosa era necessario que estivesse empenhada no triumpho a honra de uma nação!
Como é que aquelle grande espirito de Christovam Colombo não inflammou no seu enthusiasmo o espirito, que passa tambem por ter sido grande, de D. João II? Enganou-se a historia no seu juizo? Era, afinal, o rei D. João II um espirito vulgar, ou pelo menos um espirito absolutamente pratico e forte em todas as questões da vida positiva e real, mas desdenhoso de tudo o que excede os limites do seu horizonte? ou por acaso não tinha elle pelas coisas geographicas o interesse real que manifestava, ou não tinha d’ellas o conhecimento que se lhe attribue? Não, não, nada d’isso. D. João II foi realmente um dos grandes principes do seu tempo, um