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informações; era alphabeto e almanack. Sabia de cór a portagem dos pharoes, principalmente inglezes; um penny por tonelada ao passar diante deste, um farthing ao passar diante daquelle. Dizia: o pharol de Smalt Rock, que consumia apenas duzentos galões de azeite, consome agora quinhentos. Achando-se muito doente um dia, a bordo, a tripulação que já o tinha por defunto, estava á roda de sua maca, quando elle interrompeu os soluços da agonia para dar ao mestre carpinteiro uma ordem relativa a um concerto do navio.

Era raro que o assumpto de conversa fosse sempre o mesmo na mesa dos capitães e na mesa dos guardas. Apresentou-se, porém, o seguinte caso nos primeiros dias do mez de Fevereiro, em que se passam os factos que estamos contando. A gallera Tamaulipas, capitão Zuela, vinda do Chile, e prestes a voltar, chamava a attenção das duas mesas. Na mesa dos mestres fallou-se do carregamento, e na mesa dos guardas fallou-se dos ares suspeitos do navio.

O capitão Zuela, de Copiapó, era chileno, um pouco columbiano; tinha feito com independencia as guerras da independencia, acompanhando, ora Bulivar, ora Morillo, conforme os lucros a haver. Tinha-se enriquecido obsequiando a toda a gente. Não havia homem mais bourbonico, mais bonapartista, mais absolutista, mais liberal, mais atheu e mais catholico. Elle pertencia a este grande partido que se póde chamar o partido Lucrativo. De tempos a tempos fazia apparições commerciaes em França; e, a acreditar-se nos boatos, dava passagem a bordo aos fugitivos, bancarroteiros ou proscriptos politicos, fossem quem fossem, com tanto