nem postigos? Porque fecha-las de um lado, sem fecha-las de outro? A chuva não entra pelo sul, mas entra pelo norte.
Os credulos não têm razão, e certo; mas os positivos também não a tem. O problema persiste.
O que é certo é que a casa, dizem ter sido mais util que nociva aos contrabandistas.
Quando o medo cresce os factos perdem a verdadeira proporção. Não ha duvida que muitos phenomenos nocturnos, entre aquelles de que a pouco e pouco se compoz o assombramento da casa, poderia explicar-se por presenças fugitivas e obscuras, curtas estações de homens logo embarcados, já pelas precauções, já pela ousadia de certos commerciantes suspeitos, escondendo-se para fazer mal, e deixando-se entrever para causar medo.
Naquella época já remota, muitas audacias eram possiveis. A policia, sobretudo, nos lugares pequenos, não era o que é hoje.
Ajunte-se a isto que se a casa era commoda aos contrabandistas, as suas entrevistas alli deviam ser francas, exactamente porque a casa era mal vista. O ser mal vista impedia que fosse denunciada. Ninguem pede á policia soccorro contra os espectros. Os supersticiosos persignam-se, mas não fazem processos. Vêem ou acreditam vêr, fogem e calam. Existe uma convivencia tacita involuntaria, mas real, entre os que fazem medo e os que tem medo. Os assustados sentem que fizeram mal em se assustarem, imaginam ter sorprehendido um segredo, receiam aggravar a posição mysteriosa para elles, e enfadar as apparições. Isto fal-os discretos. E ainda fóra deste calculo, o instincto dos credulos é o