silencio; o medo é mudo; os atterrorisados fallam pouco; parece que o horror diz: silencio!
Devem recordar-se que isto remonta á época em que os camponezes guernesianos acreditavam que o mysterio do presepio era repetido todos os annos pelos bois e pelos asnos; época em que ninguem, na noite de Natal, ousaria penetrar em uma estrebaria com receio de encontrar os animaes ajoelhados.
Se se deve acreditar nas legendas locaes e narrativas dos camponezes a superstição chegou a suspender nas paredes da casa de Plainmont, em pregos de que ainda existem vestigios, ratos sem pés, morcegos sem azas, arcabouços de animaes mortos, sapos esmagados entre as paginas de uma Biblia, febras de tremoços amarellos, estranhos ex-voto pendurados por viandantes imprudentes que acreditavam ver alguma cousa, e por meio desses presente contavam obter perdão e conjurar o máo humor das stryges, das larvas e dos duendes. Houve sempre quem acreditasse em congressos de feitiçaria, e alguns desses credulos altamente collocados. Cesar consultava Sagana, e Napoleão mademoiselle Lenormand. Ha consciencias tão inquietas que chegam a procurar indulgencias de diabo. Faça-o Deos, mas não o desfaça Satanaz, era uma das orações de Carlos V.
Ha espiritos mais timoratos ainda. Esses chegam a persuadir-se de que o mal pode ter razão contra elles. Ser irreprehensivel para com o demonio é uma das suas preoccupações. Dahi vem as praticas religiosas voltadas para a immensa malicia obscura. É uma carolice como qual quer outra. Os crimes contra o demonio existe ein certas imaginações doentias;