rugosa e herpetica. Tocam-se as paredes como se conspirassem uma acção iniqua. Todos estes nomes da antiga civilisação, quebra-cabeças e quebra-ventas, prendem-se aquella architectura.
Uma das casas da viela Coutanchez, a maior, a mais famosa ou a mais afamada, chamava-se a Jacressarde.
A Jacressarde era a habitação daquelles que não têm habitação.
Em todas as cidades, e especialmente nos portos de mar, ha, abaixo da população, um residuo. Vagabundos, aventureiros, vivendo de expedientes, chimicos de especie larapio, pondo sempre a vida no alambique, todas as formas do andrajo e todas as maneiras de vesti-lo, os jubilados da improbidade, as existencias em bancarrota, as consciencias que já fizeram balanço, os que abortaram no assalto e no arrombamento de portas, (porque os ladrões trabalham por baixo e por cima) os operarios e as operarias do mal, os velhaquetes e as velhaquinhas, os escrupulos rasgados e os cotovellos rotos, os tratantes chegados á indigencia, os malevolos mal recompensados, os vencidos do duelo social, os famintos que foram devorados, os ganha-pouco do crime, os miseraveis na dupla e lamentavel accepção da palavra, tal é o pessoal. Alli é bestial a intelligencia humana. É o montão de immundicies das almas. Ajunta-se tudo aquillo a um canto, onde passa de quando em quando a vassoura policial. Em Saint-Malo esse canto era a Jacressarde.
O que se encontra nessas espeluncas não são os grandes criminosos, os bandidos, os grandes productos