um rochedo igual no terror que inspira, é o escolho Pater Noster, entre Guernesey e Serk.
E ainda no Pater Noster póde-se fazer um signal: quem está ali em perigo póde ser soccorrido. Vê-se ao Norte a ponta Dicard ou de Icaro, ao Sul, o Gros-Nez. Do rochedo Douvres não se vê nada.
O vento, a agua, a nuvem, o illimitado, o inhabitado. Só se passa ali perdido. Os granitos são de uma estatura brutal e hedionda. Avultam as rochas escarpadas. Severa inhospitalidade do abysmo.
É mar alto. A agua é profunda. Um escolho absolutamente isolado, como o rochedo Douvres, attrahe e abriga os animaes que precisam affastar-se dos homens. É uma especie de vasta madrepora submarinha. É um labyrintho afogado. Ha alli, em profundezas que difficilmente alcançam os mergulhadores, antros, cavas, cavernas, cruzamentos de ruas tenebrosas. Pollulam as especies monstruosas. Devoram-se umas ás outras. Os carangueijos comem os peixes, e são devorados tambem. Formas medonhas, feitas para não serem vistas por olhos humanos, andam vivas naquella obscuridade. Vagos lineamentos de guellas, antennas, tentaculos, barbatanas, bocas abertas, escamas, garras, unhas, fluctuam, tremem, engrossam, decompõe-se, e desfazem-se na transparencia sinistra. Tremendos nadadores andam alli na labutação. É uma colmêa de hydras.
Alli o horrivel é ideal.
Imagina, se pódes, um formigueiro de holothurias.
Vêr o interior do mar, é vêr a imaginação do Ignoto. É vêl-a do lado terrivel. O golphão é analogo á noite. Tambem ahi ha somno, somno apparente