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de cão de sentinella,» observou o tourista, e «coberto com blusa de linho alcatroado para impedir as constipações» accrescentou o parisiense. Affastando-se de terra, trocaram-se as observações do costume acerca da perspectiva de Saint-Malo; um passageiro emittio o axioma de que as perspectivas do mar illudem, e que, a uma legua da costa, nada se parece mais com Ostende como Dunkerque. Completou-se o que havia a dizer de Dunkerque, observando-se que os seus navios de vigia, pintados de vermelho, chamam-se, — um Ruyttngue e o outro Mardyck.

Saint-Malo foi diminuindo até que desvaneceu-se de todo.

O aspecto do mar era o vasto calmo. O rasto do navio fazia no oceano uma rua franjada de espuma que se prolongava quasi sem torsão a perder de vista.

Guernesey está no centro de uma linha recta tirada de Saint-Malo em França, e Exeter em Inglaterra. A linha recta no mar nem sempre é a linha logica. Entretanto os vapores tem, até certo ponto, o poder de seguir a linha recta que não podem seguir os navios de vela.

O mar e o vento formam um composto de forças. O navio é um composto de machinas. As forças são machinas infinitas, as machinas são forças limitadas. Entre os dous organismos, um inexgotavel, outro intelligente, trava-se o combate que se chama navegação.

Uma vontade no mecanismo faz contrapeso ao infinito. Tambem o infinito encerra um mecanismo. Os elementos sabem o que fazem e para onde vão.