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— Fico.

As pessoas que naufragam tem pouco tempo de deliberar e ainda menos de internecer-se. Entretanto os que estavam na chalupa, e relativamente com segurança, tiveram uma commoção que não era por elles. Todas as vozes insistiram ao mesmo tempo.

— Venha comnosco, capitão.

— Fico.

O guernesiano, que conhecia o mar, replicou:

— Ouça, capitão. O senhor naufragou nos Hanois. A nado ha apenas uma milha até Plainmont. Mas na chalupa só se póde abordar na Roquaine, e são duas milhas. Ha cachopos e nevoeiro. Esta chalupa não chega á Roquaine antes de duas horas. Não tarda a anoitecer. Enchendo á maré refresca o vento. Está proxima a borrasca. É nosso desejo vir buscal-o depois, mas se romper o temporal, não será possivel. Se fica está perdido. Venha.

O parisiense interveio:

— A chalupa está cheia, e cheia de mais, é verdade, e um homem de mais seria ainda peior. Mas nós somos treze, é máo numero para a barça, e é melhor sobrecarregal-a de um homem que de um algarismo.

Trangouille accrescentou:

— A culpa é minha, não é sua. Não é justo que o senhor fique.

— Fico, disse Clubin. O navio será despedaçado pela tempestade hoje de noite. Não o deixarei. Quando o navio se perde, morre o capitão. Dir-se-ha de mim que eu cumpri o meu dever. Perdôo-te, Tangrouille.

E crusando os braços gritou: