Já não era a nossa luz. Podia-se crer que se estava em outro planeta. A luz era um enigma; dissera-se o verde clarão da pupilla de uma sphynge. A cava figura o interior de uma caverna enorme; a esplendida abobada era o craneo, e a arcada era a bocca; não havia buracos dos olhos. A boca engulindo e vomitando o flux e o reflux, aberta em pleno meio dia exterior, bebia a luz e vomitava o amargor.
Certos entes, intelligentes e máos, assemelham-se a isto. O raio do sol, atravessando aquelle portico obstruido de uma espessura vidrenta da agua do mar, tornava-se verde como um raio de Aldebaran. A agua, cheia dessa luz molhada, parecia esmeralda em fusão. Um reflexo de agua-marinha de incrivel delicadeza tingia brandamente toda a caverna.
A abobada com os seus lobulos quasi cerebraes e as suas ramificações semelhantes a nervos, tinha um fraco reflexo de chrysopraso. O chamalote da onda, reverberado no tecto, decompunha-se e recompunha-se constantemente, alargando e estreitando as suas rodas de ouro com um movimento de dansa mysteriosa. Sahia dalli uma impressão espectral; o espirito podia perguntar que preza ou que espera era aquella que fazia tão alegremente aquelle magnifico filete de fogo vivo. Nos relevos da abobada e nas asperidades da rocha pendiam longas e finas vegetações banhando provavelmente as raizes atravez do granito em alguma toalha de agua superior, e desbagando, nas pontas, uma gota d’agua, uma perola. Essas perolas cahiarn no golphão com um pequeno rumor. Todo esse conjuuto era inexprimivel.