dissecado. E parecia dissecado de fresco. As nervuras gotejantes das strias do rochedo imitavam na abobada as fibras dentadas de uma bola. Por tecto, a pedra; por assoalho, o mar; as ondas apertadas entre as quatro paredes da grota, pareciam vastos ladrilhos fluctuantes. A grota estava fechada por todos os lados. Nenhuma trapeira, nenhum respiradouro, nenhuma fenda na parede. À luz vinha debaixo atravez da agua. Era um resplendor tenebroso.
Gilliatt cujas pupillas se dilataram durante o trajecto obscuro do corredor, distinguia tudo naquelle crepusculo.
Conhecia, por lá ter ido mais de uma vez, as cavas de Plenmont em Jersey, o Croux-Maillé em Guernesey, as Boutiques em Jerk, assim chamadas por causa dos contrabandistas que alli depunham as suas mercadorias; nenhum desses maravilhosos antros era comparavel ao quarto subterraneo e submarinho onde penetrára.
Gilliatt via diante delle, debaixo da vaga, uma especie de arcada afogada. Essa arcada, ogiva natural, trabalhada pela onda, era brilhante entre as suas duas columnas profundas e negras. Era por aquelle portico submergido que entrava na caverna claridade do alto mar. Luz estranha que vinha por um buraco na agua.
Essa claridade esvasava-se debaixo da agua como um largo leque e repercutia no rochedo. Os raios rectilineos, cortados em longas fitas negras, sobre a opacidade do fundo, clareando ou escurecendo de uma anfractuosidade a outra, immilavam interposicões de laminas de vidro. Havia luz, mas luz desconhecida.