da vaga. Não podendo os seixos de marisco entrar facilmente nessa grota, ahi se refugiavam as conchas. As conchas são grandes fidalgos que, bordados e paramentados, evitam o rude e incivil contacto do populacho das pedras. A fulgida reunião das conchas fazia debaixo d’agua, em certos lugares, ineffaveis irradiações atravez das quaes entrevia-se um grupo de azues e vermelhos, e todos os reflexos da agua.
Na parede da caverna, um pouco ácima da linha de flutuação da maré, uma planta magnifica e singular, prendia-se como um debrum á tapeçaria do sargaço, continuava-o e terminava-o. Essa planta, fibrosa, vasta, inextrincavelmente dobrada, e quasi negra, offerecia ao olhar largas toalhas embaraçadas e obscuras, ornadas em toda a extensão de numerosas florinhas côr de lapiz lazuli. Na agua parecia que essas flôres accendiam-se, e cuidava-se vêr brazas azues. Fóra da agua eram flôres, dentro da agua eram saphyras, de modo que a onda, subindo e innundando o esvazamenlo da grota, revestia essas plantas e cobria o rochedo de carbunculos.
A cada enchimento da vaga tumida como um pulmão, essas flôres banhadas, resplandeciam, a cada abaixamento apagavam-se; melancolica semelhança com o destino. Era a aspiração, que é a vida; era a expiração que é a morte.
Uma das maravilhas daquella caverna era a rocha. Essa tocha, ora muralha, ora cymbrio, ora pilastra, era em alguns lugares bruta e nua, em outros trabalhada pelos mais delicados lavores naturaes. Um