quadris ineffaveis modelados em luz pallida, no meio da sagrada bruma, umas fórmas de nympha, um olhar de virgem, uma Venus sahindo do mar, uma Eva sahindo do cahos; tal era o sonho que forçosamente assaltava a imaginação. Era inverosimil que não estivesse antes um phantasma naquelle lugar. Uma mulher nua, com um astro em si, devia provavelmente ter occupado aquelle altar. Sobre aquelle pedestal, d’onde emanava um estasis inexprimivel, imaginava-se uma alvura, viva e de pé. O espirito creava, no meio da adoração muda daquella caverna, uma Amphitrite, uma Tethys, alguma Diana que podesse amar, estatua do ideal formada de um raio e contemplando a sombra com meiguice. Foi ella quem, ao esquivar-se, deixou na caverna aquella claridade, especie de perfume—luz sahido daquelle corpo-estrella. A fascinação daquelle fantasma já não estava alli; já se não via a figura, feita para ser vista sómente pelo invisivel, mas sentia-se; recebia-se aquelle estremecimento que é uma volupia. A deosa estava ausente, mas a divindade estava presente.
A bellesa do antro parecia feita para aquella presença. Era por causa dessa deidade, dessa fada dos nacares, dessa rainha das brisas, dessa graça nascida das vagas, era por causa delia, ao menos suppunha-se isto, que o subterraneo estava religiosamente murado, afim de que nada perturbasse nunca, em derredor daquelle divino fantasma, a obscuridade que é um respeito, o silencio que é uma magestade.
Gilliatt, que era uma especie de vidente da naturesa, scismava, confusamente commovido.
De subito, alguns palmos abaixo delle, na transparencia