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obliquo, subir pesadamente, um por um, os andares inferiores dos rochedos como degráos de uma escada, acreditamos por força que o oceano tambem tem os seus piolhos.

Desses piolhos vivia Gilliatt ha dous mezes.

Comtudo nesse dia os carangueijos e as lagostas andavam escondidos. A tempestade empurrára aquelles solitarios para os seus esconderijos, e ainda não se animavam a sahir. Gilliatt tinha na mão a faca aberta, e arrancava de quando em quando uma concha debaixo do sargaço. Comia andando.

Não devia estar longe do lugar onde se perdera o Sr. Clubin.

Quando Gilliatt já se resignara aos ouriços e castanhas do mar, fez-se um movimento a seus pés. Um grande carangueijo, assustado com a presença delle tinha pulado na agua. O carangueijo não mergulhou tanto que Gilliatt não o visse.

Gilliatt começou a correr atraz do carangueijo no esvasamento da rocha. O carangueijo fugia.

De repente não vio mais nada.

O carangueijo mettera-se por algum buracco debaixo do rochedo.

Gilliatt atracou-se aos relevos da pedra e esticou o pescoço para ver se via alguma cousa.

Havia com effeito uma anfractuosidade. O carangueijo devia ter-se refugiado ahi.

Era mais que uma fenda, era um portico.

O mar entrava por baixo desse portico, mas não era profundo. Via-se o fundo coberto de pedrinhas. Essas pedrinhas eram esverdeadas e revestidas de filamentos, o que indicava que nunca estavam a secco.