as provas amargas. Fica-se melhor e peior. É o que Lethierry sentia. Soffria mais distinctamente.
O que trouxera mess Lethierry ao sentimento da realidade, foi um abalo.
Digamos qual foi elle.
Uma tarde, a 15 ou 20 de Abril, ouvio-se na porta da sala baixa as duas pancadas que annunciavam o correio. Doce abrio a porta. Era uma carta.
Vinha do mar a carta. Era dirigida a mess Lethieny. Trazia o sello de Lisboa.
Doce levou a carta a mess Lethierry que estava fechado no quarto. Elle pegou na carta, pôl-a machinalmente na mesa, e nem olhou.
A carta ficou alli uma boa semana sem ser aberta.
Aconteceu, porém, que uma manhã Doce disse a mess Lethierry:
— Devo tirar a poeira de que está cheia a carta?
Lethierry pareceu accordar.
— Sim, disse elle.
E abrio a carta.
Leu isto:
«No mar, 10 de Março.
«Mess Lethierry, de Saint-Sampson.
«Receberá o senhor com prazer noticias minhas.
«Estou no Tamaulipas, em viagem para não voltar. Ha na equipagem um marujo, Ahier-Tostevin, de Guernesey, que ha de voltar ahi, e que lhe ha de contar alguma cousa. Aproveito o encontro do navio Hernan Cortez, com destino a Lisboa, para mandar-lhe esta carta.
«Espante-se. Sou um homem honesto.
«Tão honesto como o Sr. Clubin.