Gilliatt! Não sei o que elle fez, mas certamente fez o diabo, e como é que não lhe hei dar Deruchette!
Desde alguns instantes Deruchette entrara na sala. Não dissera palavra, não fizera rumor. Entrou como uma sombra. Assentára-se, quasi desapercebida, em uma cadeira por traz de mess Lethierry de pé, loquaz, tempestuoso, alegre, abundante de gestos, e fallando em voz alta. Um pouco atraz della, veio outra apparição muda. Um homem vestido de preto, de gravata branca, com o chapéo na mão, parára na abertura da porta. Havia agora muitas velas no grupo lentamente engrossado. As luzes batiam de lado no homem vestido de preto; o seu perfil, de alvura joven e deliciosa, desenhava-se no fundo obscuro com urna pureza do medalha; apoiava o cotovello n’uma almofada da porta, e tinha a fronte na mão esquerda, attitude que lhe era graciosa, sem ser meditada, e que fazia valer a grandeza da fronte na pequenez da mão. Havia uma ruga de angustia no centro de seus labios contrahidos. Examinava e ouvia com attenção profunda. Os assistentes, tendo reconhecido o reverendo Ebeneser Caudray, cura da parochia, tinham-se affastado para deixal-o passar, mas elle ficou na soleira. Havia hesitação na sua postura e decisão no seu olhar. O olhar de quando em quando encontrava o de Deruchette. Quanto a Gilliatt, ou por acaso ou de proposito, estava na sombra, e mal se podia vêl-o.
Mess Lethierry não vio ao principio o Sr. Ebeneser, mas vio Deruchette. Foi a ella, e beijou-a