fez para que eu o ame, não se deu a nenhum trabalho, olhava-me, não é culpa sua se olha para as outras pessoas, e o resultado é que eu o adoro. Eu nem reparava. Quando as suas mãos pegavam n’um livro, era uma luz; quando os outros pegavam nelle, era apenas um livro. Ás vezes levantava os olhos para mim. Fallava dos archanjos, e era o archanjo. O que dizia, pensava-o eu logo. Antes de vêl-o não sei se acreditava em Deos. Depois que o vi, tornei-me uma mulher que faz as suas orações. Eu dizia a Doce: veste-me depressa, não quero faltar ao officio. E corria á igreja. Estar apaixonada por um homem, é isto. Eu não o sabia. Dizia comigo: Como estou devota! Depois de vêl-o é que soube que eu não ia á igreja por causa de Deos. Ia vêl-o é verdade. É formoso, falla bem, quando levanta os braços para o céo parece que tem o meu coração entre as suas duas mãos brancas. Eu estava louca. Ignorava-o. Quer que lhe diga a sua culpa? foi entrar hontem no jardim e fallar-me. Se nada me dissesse, eu nada saberia. Partiria, eu ficava triste, mas agora morrerei. Agora que eu sei que o amor não é possivel que se vá embora. Em que pensa? Parece que não me ouve.
Ebeneser respondeu:
— A senhora ouvio o que se disse hontem.
— Ai, sim!
— Que posso fazer?
Calaram-se um momento. Ebeneser continuou:
— Só uma cousa devo fazer agora. Partir.
— E eu, morrer. Oh! eu quizera qne não houvesse mar, e só houvesse o céo! Parece-me que isto arranjaria