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era um.lirio, allegoria da Virgem Nossa Senhora, que sob o mysterio da sua Conceicão Immaculada era venerada como protectora nata da sociedade. Na conferencia publica, que em sua honra se celebrou no Menalo em 8 de dezembro de 1757, recitou Elpino uma ode pindarica, de que é variante a que copiamos. Vem inserta no tomo iii (que contém as poesias lyricas), pag. 279 a 282, das Poesias de Antonio Diniz da Cruz e Silva, na Arcadia de Lisboa Elpino Nonacriense. Lisboa, 1812.

O manto da Virgem Maria cobriu sempre este reino desde a sua fundação até hoje. Affonso Henriques invocou em seu auxilio a Virgem do Claraval, D. João i a Senhora da Victoria em Aljubarrota, D. Manuel a do Restello na descoberta da India, D. João iv tomou a purissima Conceição como nossa padroeira. Antes de definida como dogma, a Universidade já a jurava nos seus graus, e a Arcadia Ulysiponense a jurava e cantava nas suas conferencias. Este influxo religioso domina os corações, avassallando as vontades mais intransigentes. É columna que sustenta a nossa fragilidade, nuvem que purifica o ambiente mundano em que vivemos. [1]

Elpino Nonacriense nasceu em Lisboa a 4 de julho de 1731, filho de João da Cruz Lisboa e de sua mulher Eugenia Thereza, e falleceu no Rio de Janeiro em fins de 1799 ou principios de 1800. Cursou os estudos juridicos em Coimbra e seguiu a carreira judicial. Em muitas poesias allude ao Mondego, e mais vezes ainda ao seu patrio Tejo. Rebello da Silva publicou um excellente estudo sobre este arcade nos volumes do Panorama de 1855 e 1856; Innocencio inseriu uns copiosos apontamentos da sua vida no Archivo Pittoresco, vol. i (1858), e no Diccionario bibliographico, tomo i, pag. 123 a 127, accrescenta mais algumas noticias, a que adjudica um juizo de Pato Moniz que não é muito favoravel ao poeta. Como quer que seja, Diniz é muito distincto; muitas das suas odes anacreonti-


  1. O sr. dr. Bernardo A. de Madureira nas suas Institutiones Theologiae Dogmaticae Specialis, vol. i, pag. 249, attribue estas comparações ao nosso thaumaturgo, Sancto Antonio, coevo do principio da monarchia.