cas são mimosas, os idyllios singelos e essencialmente bucolicos, os dithyrambos engraçados e eruditos. Sobre tudo porém alumia a vida do poeta por valiosas investigações e fino criterio o estudo biographico do sr. José Ramos Coelho, que precede a edição critica do Hyssope de 1879, edição que se pode considerar como monumento singular á memória d’aquelle que Bocage denominava

 
Cantor da gloria, majestoso Elpino.
 

Antonio Duarte Gomes Leal (XLIX) nasceu em Lisboa a 6 de junho de 1848. Assim como Camões foi um trinca-fortes com a espada, o sr. Gomes Leal aspirou a sêl-o com a penna. Foi poeta satanico, um bulhento, um estróina inoffensivo, que por fim nos deu a Historia de Jesus, leitura para as creancinhas. E um lindo livro, primoroso na edição e de poesia vivida e elegante, deliciosamente amoldada á infancia. Foram seus editores a firma Santos Valente & Faro, e conta 128 paginas com oito não numeradas. Imprimiu-se em 1883.

Do seu prologo copiamos os periodos seguintes : «... de todas as historias que se podem contar ás creanças para lhes formar o coração e as pequeninas almas virgens, qual póde ser mais própria e mais poética do que a de Jesus?... todas as maximas moraes, todos os apologos dos fabulistas, todas as lendas floridas das fadas, podem servir acaso mais felizmente para a orientação moral das creanças, póde alguma ser mais maravilhosa do que a historia d’esse simples poeta da Galiléa, que vivia no meio da Natureza e das almas virgens, ensinando a encher as redes aos pescadores, conversando com as samaritanas, convertendo os publicanos, consolando os doentes?

Esta historia vale, de certo, mais para a imaginação infantil do que a do proprio Aladin com a sua lampada magica e os seus jardins com arvores de fructos de esmeraldas e carbúnculos. Os deuses de todas as velhas theogonias, á excepção do Krishna da índia, apparecem logo nas liturgias primitivas guerreiros, conquistadores violentos, symbolizando as forças da natureza; — mas logo no uso do seu poder, da sua força, da sua majestade, Jesus apparece-nos com toda a poesia florida da infancia! E portanto um Deus meigo, humano, piedoso, que as crean-