Página:Pastoral aos crentes do amor e da morte (1923).djvu/156

152
Alphonsus de Guimaraens

Por entre lirios e lilazes desce
A tarde esquiva: amargurada prece
Põe-se a lua a rezar.
A cathedral eburnea do meu sonho
Apparece na paz do céu tristonho
Toda branca de luar.

E o sino chora em lugubres responsos:
Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!

O céu é todo trevas: o vento uiva.
Do relampago a cabelleira ruiva
Vem açoitar o rosto meu.
E a cathedral eburnea do meu sonho
Afunda-se no cháos do céu medonho
Como um astro que já morreu.

E o sino geme em lugubres responsos:
Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!

Julho — 14, de 1914.