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Que escondeu para sempre a nossos olhos
D’um ente amado inanimados restos.
Cremos que a anima o espirito do morto;
Nos mysticos rumores da folhagem
Cuidamos escutar-lhe a voz dorida
Alta noite gemendo, e em sons confusos
Mysterios murmurando d’além-mundo.
Desgrenhado chorão, cypreste esguio,
Funereas plantas dos jardins da morte,
Monumentos de dôr, em que a saudade
Em nenia perennal vive gemendo,
Parece que com lugubre susurro
Ao nosso dó piedosos se associão,
E erguendo ao ar os verdenegros ramos
Apontão para o céo, sagrado asylo,
Refugio extremo a corações viuvos,
Que collados á pedra funeraria,
Tão fria, tão esteril de consolos,
O seu dorido luto em vãos lamentos
Arrastão pelo pó das sepulturas.

Mas — nem um goivo, nem funerea lettra
Amiga mão plantou n’este jazigo;
Ah! ninguem disse á arvore dos tumulos