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E desdobrava com brilhantes côres
O painel do futuro ante os teus olhos,
Eis que sob teus passos se abre subito
     O abysmo do sepulcro....

E aquella fronte juvenil e pura,
Tão prenhe de futuro e d’esperança,
Aquella fronte que talvez sonhava
Ir no outro dia, — ó irrisão amarga!
Repousar docemente em niveo seio,
Entre os risos de amor adormecida,
Vergada pela ferrea mão da morte,
     Cahio livida e fria
No duro chão, em que repousa agora.
E hoje que venho no aposento lugubre
Verter piedoso orvalho de saudade
     Na planta emmurchecida,
Ah! nem ao menos n’esse chão funereo
Os vestigios da morte encontrar posso!
Tudo aqui é silencio, tudo olvido,
Tudo apagou-se sob os pés do tempo!....

Oh! que é consolo ver ondear a coma
D’uma arvore funerea sobre a lousa,