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     — Aqui sobre esta campa
Cresce, ó cypreste, e geme sobre ella,
Qual minha dôr, em murmurio eterno! —
Sob essa grama pallida e enfesada
Entre os outros aqui perdido jazes
Dormindo o teu eterno e fundo somno....
Sim, pobre flôr, sem vida aqui ficaste,
Envolta em pó, dos homens esquecida.

     «Dá-me tua mão, amigo,
«Marchemos juntos n’esta vida esteril,
«Vereda escura, que conduz ao tumulo;
«O anjo da amizade desde o berço
«Nossos dias urdio na mesma têa;
«Elle é quem doura os nossos horizontes,
«E a nossos pés alguma flôr esparge....
«Quaes dous regatos, que ao cahir das urnas
«Se encontrão na vallada, e n’um só leito
     «Se abração, se confundem,
«E quer volvão serenos, reflectindo
«O azul do céo e as florejantes ribas,
     «Quer furiosos ronquem
«Em boqueirões sombrios despenhados,