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«Sempre unidos n’um só vão serpeando
«Té se perderem na amplidão dos mares,
     «Taes volvão nossos dias;
«A mesma taça no festim da vida
«Para ambos sirva, seja fel ou nectar:
«E quando emfim, completo o nosso estadio,
«Formos pedir um leito de repouso
     «No asylo dos finados,
«A mesma pedra nossos ossos cubra!»
     É assim que tu fallavas
Ao amigo, que aos candidos accentos
De teu fallar suave attento ouvido
     Inclinava sorrindo:
E hoje o que é feito d’esse sonho ameno,
Que nos dourava a ardente fantasia?
D’essas palavras de magia cheias,
Que em melliflua torrente deslisavão
     De teus labios sublimes?
São vagos sons, que me murmurão n’alma,
Qual reboa gemendo no alaúde
     A corda que estalára.

Ledo arroio que vinhas da montanha