— 54 —
N’este mundo, que allumias
Com teu pallido clarão,
Existe um anjo adoravel
Digno de melhor mansão.
Muitas vezes a verás
Sozinha e triste a pensar,
E seus languidos olhares
Com teus raios se cruzar.
Nas faces a natureza
Lhe esparzio leve rubor,
Mas a fronte lisa e calma
Tem dos lirios o palor.
Mais que o ebano brunido
Lhe fulge a madeixa esparsa,
E co’os anneis lhe sombrêa
O niveo collo de garça.
Nos labios de carmim vivo,
Rara vez paira um sorriso;
Não póde sorrir na terra,
Quem pertence ao paraiso.