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N’este mundo, que allumias
Com teu pallido clarão,
Existe um anjo adoravel
Digno de melhor mansão.

Muitas vezes a verás
Sozinha e triste a pensar,
E seus languidos olhares
Com teus raios se cruzar.

Nas faces a natureza
Lhe esparzio leve rubor,
Mas a fronte lisa e calma
Tem dos lirios o palor.

Mais que o ebano brunido
Lhe fulge a madeixa esparsa,
E co’os anneis lhe sombrêa
O niveo collo de garça.

Nos labios de carmim vivo,
Rara vez paira um sorriso;
Não póde sorrir na terra,
Quem pertence ao paraiso.