Página:Poesias eroticas, burlescas e satyricas.djvu/115

sonetos
111
VI


Não lamentes, oh Nise, o teu estado;
Puta tem sido muita gente boa;
Putissimas fidalgas tem Lisboa,
Milhões de vezes putas teem reinado:

Dido fui puta, e puta d′um soldado:
Cleopatra por puta alcança a c′ròa;
Tu, Lucrecia, com toda a tua pròa,
O teu cono não passa por honrado:

Essa da Russia imperatriz famosa,
Que inda ha pouco morreu (diz a Gazeta)
Entre mil porras expirou vaidosa:

Todas no mundo dão a sua greta:
Não fiques pois, oh Nise, duvidosa
Que isto de virgo e honra é tudo peta.