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a empreza

Visto roupa lavada, e me perfumo,
N′um capote me embuço, a espada tomo,
Que nunca me serviu, mas que em taes casos
Mette a todos respeito; e qual Quixote,
Que, havendo já perdido o caro Sancho,
Sem nada receiar de assalto busca
Altos moinhos, que valente ataca;
Tal eu figuro achar a cada esquina
Um Rodamonte, e prompto me disponho
A lançal-o por terra, em pó desfeito.
Assim gastei o tempo, até que chego
Ao sitio dado, onde meu bem m′espera.

Mal a porta emboquei, dentro em mim sinto
Um fogo activo, que me abraza todo.
Eis de Nise a criada, abelha mestra,
Que á mira estava alli, a mão me aperta,
Vai-me guiando, e diz: «Suba de manso.
Que ahi dorme a senhora.» A poucos passos,
Por acaso ao subir-lhe apalpo as coxas...
Oh caspite! que sesso! Era alcatreira,
Nunca vi cu tão duro, era uma rocha.
Foi o tezão então em mira tão forte,
Que as mãos lhe encosto aos hombros, n′ella salto,
Que enfadada dizia: «Olhe o bregeiro!...
Tire-se lá, que póde ouvir minha ama!...»
Ao dizer isto a voz lhe fica presa,
Soluça, treme toda, estende os braços,
Aperta as pernas, encarquilha o cono,
Que distava do cu pollegada e meia.
Qual moinho de cartas, que os rapazes