Tudo o vejo agora alegres, vivas,
Imagens prazenteiras, me suscita.
Os ternos sentimentos, que provava,
Mil vezes combinado com dictames
Que desde a infancia sempre m′inspiraram:
Mil vezes reflectia que dos homens,
Ou de um tyranno Deus era ludibrio:
Conceber não podia que existisse
Para experimentar continua lucta
Entre impressões da propria natureza,
E princípios chamados da virtude.
No pélago de embates tão terriveis
Fluctuando implorei o teu auxilio;
Meu coração te abri: e tu leste n′elle
O que eu nem mesma deslindar sabia.
Tu me ensinaste a vêr quanto fingidos
Os homens são, nas vozes, e nos gestos:
Rasgaste aos olhos meus mascara infame
Com que teem de uso todos encobrir-se;
Das bordas me salvaste de um abysmo,
Onde a infeliz Olinda ia arrojar-se.
Perdoa, Deus immenso! Eu blasphemava
Contra a tua justiça; eu te suppunha
Auctor do mal, que os homens machinavam:
Cria-te inconsequente e despiedado,
Pois sentimentos me imprimiras n′alma
Que ás tuas leis contrarias me pintavam!...
Tu foste, Alzira, foste a que lançaste
Um brilhante clarão ante os meus passos...
Finalmente apr′endi que a singeleza
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olinda a alzira