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olinda a alzira
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Té ao aposento meu, subito fogo
Calou-me as veias, penetrou-me toda.
Mas quando, já fechados um com outro.
Vi que seus gestos, mais que suas vozes.
Sua ternura ousada me exprimiam,
Lembrou-me o p′rigo, a que me havia exposto;
Tarda lembrança, que cedia a embates
De ignoto medo, que o rubor gerava!
Queria eu impedir-lhe ardentes beijos.
Mas vedavam-no as chammas, que accendiam
E ás primeiras caricias insensivel,
Luctando entre o pudor, e entre o desejo,
Em mil contrarias reflexões absorta,
Meu silencio e inacção a emprezas novas
De maior valor, Bellino excitaram:
Confesso, que deveras quiz oppôr-me
A seus intentos no primeiro instante;
Porém pouco tardou que abrazeada
Em chammas voluptuosas, resistindo
A seus esforços, mais lhe franqueava
Facil accesso a proximos triumphos.

Sentado junto a mim, lançando um braço
Em redor do meu collo, até cingir-me,
E obrigar-me a chegar ao seu meu rosto;
Com a mão sobre os peitos inquieta,
Que ao crebro palpitar os apressava;
E os labios discorrendo os olhos, faces,
Té fixal-os nos meus, ou por entre elles
Confundindo os alentos, lançar chammas
Dentro em men coração, qual facho accezo;