Porém quando mais te amo,
Oh cruz do meu Senhor,
É se te encontro á tarde,
Antes de o sol se pôr,

Na clareira da serra,
Que o arvoredo assombra,
Quando á luz que fenece
Se estira a tua sombra,

E o dia ultimos raios
Com o luar mistura,
E o seu hymno da tarde
O pinheiral murmura.




E eu te encontrei, n’um alcantil agreste,
Meia-quebrada, oh cruz. Sósinha estavas
Ao pôr do sol, e ao elevar-se a lua
Detraz do calvo cerro. A soledade
Não te pôde valer contra a mão ímpia,
Que te feriu sem dó. As linhas puras
De teu perfil, falhadas, tortuosas,
Oh mutilada cruz, falam de um crime
Sacrilego, brutal e ao í­mpio inutil!