Sua mãe, correndo a ella:
―«Valha-me Deus!―lhe bradou.―
Minha filha, pois que é isso?!»―
E entre os braços a apertou.
―«Minha mãe, perdeu-se tudo!
O mundo, tudo perdi:
De nada Deus se condoe...
Oh dor, oh pobre de mi!»―
―«Ai! Jesus venha á minha alma!
Filha, um padre-nosso resa.
Deus é pae: sempre nos ouve:
Nunca a humana dor despreza.»―
―«Minha mãe, inutil crença!
Que bens me tem feito Deus?
Padre-nossos!.. padre-nossos!..
Que importam resas aos ceus?»―
―«Ai! Jesus venha á minha alma!
Pois não é quem resa ouvido?
Busca da igreja o consolo
Verás teu pesar vencido.»―
―«Mãe, oh mãe, esta amargura
Nenhum sacramento adoça:
Não sei nenhum sacramento,
Que aos mortos dar vida possa.»―
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