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nuntius antiquus

Belo Horizonte, v. X, n. 2, jul.-dez. 2014
ISSN: 2179-7064 (impresso) - 1983-3636 (online)

[220] Eu próprio o desafiarei, ---
Gritarei no coração de Úruk: Sou o mais valente!*
[222]::::---- o destino mudarei:
O na estepe nascido é valente, forte!

[224] Que o povo veja tua face,*
---- ele está, possa eu saber!
[226] Vai, Enkídu, a Úruk, o redil,
Onde os jovens cingem uma faixa,*

[228] Todo dia ---- acontece um festival
Onde retumbam tambores
[230] E as meretrizes têm elegante forma,
Enfeitadas de encantos, cheias de alegria:

[232] Dos leitos, de noite, saem os idosos!
Enkídu, aquele que não conheceu a vida!,
[234] Mostrar-te-ei Gilgámesh, um homem contente,
Olha para ele, vê sua face,

[236] Pleno de virilidade, dono de poderio,




[Verso 221] Parte da primeira palavra perdeu-se, tendo eu seguido, na tradução, a proposta de reconstituição de PSBEG: [lu-șar]-ri-ih, “gritarei”.

[Verso 224] Quem passa a falar a partir daqui é de novo Shámhat. Note-se como a passagem do discurso direto de Enkídu para o da prostituta se fez sem fórmulas ou verbos dicendi, o que produz enfático efeito. Cumpre, todavia, ressaltar que a primeira parte do verso está danificada, o termo “povo” sendo proposto por GBGE, p. 550, para completá-lo ([nišū(ùg)meš?] li-mu-ra pa-ni-ka), havendo contudo outras propostas, como a de Tournay e Shaffer, [lū nillika li-mu]-ra pa-ni-ka, “Eia, vamos, que ele veja teu rosto” (apud SEG, p. 114).

[Verso 227] Os jovens cingem a faixa para a prática da luta como esporte.

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