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nuntius antiquus

Belo Horizonte, v. X, n. 2, jul.-dez. 2014
ISSN: 2179-7064 (impresso) - 1983-3636 (online)

E tu a uniste comigo.
[259] A mãe de Gilgámesh, inteligente, sábia, tudo sabia e disse a
seu filho,
A vaca selvagem Nínsun, inteligente, sábia, tudo sabia e disse
a Gilgámesh:

[261] Apareceram-te estrelas no céu,
Como rochas de Ánu caíam sobre ti:
[263] Prendeste uma, era pesada para ti,
Tentavas movê-la, não podias levantá-la;

[265] Pegaste-a e a deixaste a meus pés
E eu a uni contigo:
[267] A ela amaste como uma esposa, por ela te excitaste.
Vem para ti um forte companheiro, amigo salvador,

[269] No país é ele que mais força tem,
Como uma rocha de Ánu é sua poderosa força.
[271] A ele amarás como uma esposa, por ele te excitarás,
Ele, forte, sempre a ti salvará.
[273] É bom, é precioso o teu sonho!

[273a] Um segundo sonho ele viu.*
Levantou-se e apresentou-se diante da deusa sua mãe,
[275] Gilgámesh a ela diz, a sua mãe:
De novo, mãe, vi um segundo sonho:

[277] Numa rua da praça de Úruk*
Um machado estava jogado, diante dele uma reunião,*


“a base para essas analogias com parentesco e objetos de desejo sexual parece estar no fato de que a amizade de Enkídu permite a Gilgámesh experimentar um gosto proléptico dos prazeres decorrentes da sociabilidade humana, incluindo casamento e paternidade”.

[Verso 273a] Este verso é uma variante do v. 273.

[Verso 277] Trata-se de mais um epíteto de Úruk: urukki rubītu, que GBEG, p. 555, traduz como “Uruk-Main-Street”, seguido por SEG, p. 107, “Uruk de la Gran Via”. O termo rebītu/ribītu designa “praça”, um “espaço aberto” na cidade, aplicando-se especialmente a Úruk e Acad. Cf. GBEG, p. 183, “‘Rua-Principal’ é um epíteto que significa que Úruk era famosa por seu ribītum, a principal via pública da cidade”. Outros manuscritos apresentam a lição já conhecida urukki supuri, “Úruk o redil”.

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