posição em que ficara. Olhava, quando, na mata, estridente gargalhada retalhou o silêncio. Voltou-se bruscamente e, olhando, nada viu senão as árvores mudas e o mudo caminho. O cão já ali não estava, havia desaparecido. Reuniu todas as forças e bradou por ele:

– Tigre! Eôôôôh! Tigre!

Uma sombra, fugindo entre a folhagem, partiu de arremetida estrada fora, perdendo-se em uma nuvem de poeira. De novo o silêncio saiu.

Só, na solidão terrível, ao lívido luar, diante daquele estranho vulto que se balouçava sobre o caminho, o caboclo sentia as pernas enfraquecerem, respirava a custo, como se lhe comprimissem o peito.

Lentamente, cautelosamente, sem tirar os olhos da aparição, passou a mão incerta pela cinta e o cajado, esquecido, caiu no pó com um baque balofo.

Estremeceu, mas já estava com a garrucha em punho – engatilhou-a e, levantando-a à altura dos olhos, fez fogo; o gatilho bateu frouxo.

– Cruz! esconjurou o assombrado, descarregando o outro cano.

Um grande estrondo abalou o silêncio rolando trovejantemente, até que, no fundo bosque, outro tiro troou como em resposta, mas o vulto continuou no seu mole e flácido balanço aéreo, com os longos braços magros abertos sobre o fundo espaço.

"Mandovi! Mandovi!"

– Mandovi... pois sim, cosa ruim... Só se não há aí Nossa Senhora.