Abriu, com os dedos crispados, o peito da camisa, e com um safanão, arrancou duma fita que trazia ao pescoço um breve de couro e, fechando-o com força na mão, ameaçou com ele o vulto balouçante:

– Só se Nossa Senhora não tá aqui. Te esconjuro!

E, aos recuansos, tornou pelo caminho que fizera afoitamente e logo que, numa volta da estrada, perdeu de vista o vulto, deitou a correr desatinado.

A poeira adormecida levantava-se em nuvens sob os seus pés ligeiros e, na corrida, como se alguém o acompanhasse, com zombaria, por vezes, um grito ressoava-lhe aos ouvidos.

Justamente quando ia atravessando a ponte, pareceu-lhe ver o mesmo vulto branco trepado num tronco, com os longos braços lívidos e secos abertos sobre o fundo espaço. Estacou esbaforido, arquejando e, com uma voz sumida, esconjurou de novo:

– Por Nossa Senhora da Conceição, demônio! sai da minha frente!

E, de olhos fechados, para não ver o horror, atirou-se de arranco, galgando a passagem. Ia já pelas alturas do pasto, todo branco, como um mar de leite, quando ouviu vozes e latidos. Deteve-se e, como havia um cavado na barranca, sentou-se cansado, ofegante, com o suor a escorrer-lhe pelo corpo:

– Por Deus Nossinhô! nunca vi uma cosa ansim. Jirimia tem razão... E a gente que tomava pagode com ele.

Instintivamente voltou os olhos para a estrada, como se ainda quisesse ver a aparição e, olhando, ali ficou, esquecido e mole, vergado de