desciam na direção do rio, juntos, ficando um só de guarda.
O céu, para os lados do oriente, ia tomando uma cor baça de mercúrio e começava a arejar o escampo uma brisa fraca, trescalando a queima.
Aves piavam e no alto giravam em círculo urubus de atalaia. De vez em quando, no cercado do casebre, um galo soltava a voz estrídula e outros, daqui e de lá, em sucessão pausada, cocoricavam em resposta. Rolavam, de longe em longe, como aviso de tormenta próxima, surdos rumores de trovões; mas a luz, cada vez mais incendida, mais escaldante e mais clara, parecia desmentir o anúncio da tempestade. Revoadas de pombos cruzavam-se com um tatalar sonoro seguindo o rumo do vento, em batida rápida e, no quintalejo do casebre, um vulto de mulher, alta e fina, estacou entre os capins baixos, levou a mão espalmada à altura dos olhos, fitou a luz e, lentamente, começou a recolher a roupa que corava no verde estendal de grama, enquanto um menino ia e vinha, a correr, carregando à cabeça feixes de capim, e as aves domésticas, cacarejando, acoutavam-se debaixo da ramaria frondosa das mangueiras. O vento começava a zurzir as folhas e escurecia com a rapidez com que descem os crepúsculos no inverno.
Um frêmito de claridade percorreu o céu argamassado de nuvens e o rumor trovejante roncou mais forte, mais próximo, mais demorado. O ar pesava sufocante e, de vez em vez, circulavam remoinhos de poeira, em funil, dentro dos quais ricocheteavam folhas.