de pedra como restos de um terraço, ou do lajedo de um solar. Deitado, esperou ali a manhã: e, através de um sono incerto, julgava ver como olhos luzidios de lobos, que passavam, se sumiam para além de um barranco. De manhã dirigiu os passos para esse barranco, e aí ao fundo havia como uma água lodosa e pútrida, que ele bebeu como delícia.
Durante dois dias mais caminhou; e o deserto não cessava, com vales estéreis, penedias alcantiladas, e um solo pedregoso, negro, gretado, que escaldava sob o sol de Agosto. Sentado por vezes contra uma rocha, Cristóvão cerrava os olhos sob a fadiga, o ardor da estiagem, e parecia-lhe ver grandes pedaços de pão, e frutos que caíam de maduros ao passar de um vento fresco. Estendia a mão, e só encontrava as pedras quentes. Retomava a marcha, e, marchando sempre, padecia fome.
Mas uma tarde que caminhava, já tão fraco que os seus pés tropeçavam a cada instante, encontrou-se de repente numa encosta, onde uma floresta sombria verdejava. Cristóvão mergulhou na espessura. Bem cedo sentiu um murmúrio de água. Mais longe, uma carvalheira estava carregada de bolota. Cristóvão ficou ali dois dias, consolando com lentidão a fome e a sede. Depois, quando emergiu da floresta, avistou diante de si uma região com árvores, um riacho que fugia, muros, e uma tranqüilidade