torno dos casebres apoiada a uma forte vassoura. Ao encarar a sua sombra negra passando no luar, os homens soltavam um suspiro, outros murmuravam: “É a sina!” As mulheres, à pressa, adormentavam as crianças, procuravam entre a palha vassouras, ou pequenas cabaças, ou um pedaço de véu branco. E todos, uns depois dos outros, em silêncio, desapareciam sob o arvoredo. Uma noite uma forte criatura, de olhos ardentes, disse a Cristóvão: “Vem”. E ele, na sua simplicidade, tomou o bordão e partiu. Por toda a floresta, por baixo de toda a folha, se sentia o roçar de gente que caminhava em silêncio. Por vezes um grito prolongado cortava o grande silêncio. E, mais rápidas, as formas perpassavam sob a folhagem que rumorejava. Assim, Cristóvão chegou a uma clareira, cercada de velhos e altos carvalhos, onde a Lua mal penetrava. Uma multidão já a atulhava, trazendo candeias, ou alguma tocha fumarenta que bailava entre os ramos. Uma vasta mesa de pedra alvejava no meio, e um raio de luar, caindo em cima, alumiava um alguidar de ferro, junto com uma tripeça, coberta por uma pele de chibo. Uma impaciência parecia agitar toda aquela negra turba, onde por vezes um olhar reluzia, como o de uma fera na espessura. Uma voz, ao longe, gania: “Voa, voa!” E, umas após outras, vozes lamentosas e dolentes murmuravam: “Voa!”