a lança do Senhor, nem o báculo do Abade. Ele ensinava os remédios que livram a peste. Ele fazia achar os tesouros. Ele fazia reflorir a terra. Ele dava do seu corpo o comer aos que têm fome, do seu sangue a beber aos que têm sede. Glória a ele nas trevas!
E a multidão gritava: “Glória a ele nas trevas!”
Então, saltando da tripeça, o coxo gritou:
— É a hora! Vinde comer e beber, amai a quem vos ame, e sede homens livres no fundo da noite livre!...
Subitamente, dois homens apareceram, trazendo um grande carneiro assado que, com facas, começaram a retalhar. Outros colocaram na mesa de pedra uma pipa de vinho. Com um clamor bestial, toda a turba se arremessou para o feiticeiro. A criatura negra bradava; “Comei do meu corpo, bebei do meu sangue!” Os pedaços sangrentos da rês desapareciam nas bocas vorazes. Em malgas de louça, em vasos de buxo, o vinho negro espumava. Alguns fugiam com sua ração para a devorar em silêncio. Outros lutavam entre si, como cães disputando um osso. As mulheres empinavam as malgas de vinho, que lhes escorria nos peitos. Havia outros que, na alegria do comer, dançavam, brandindo um osso esburgado. Sob a mesa, havia braços descarnados lutando pelos restos. Já uma embriaguez aquecia as