almas. Gritos roucos partiam das bocas das mulheres. E de pé, o grande bruxo, intimava a Lua a que se escondesse, para que os homens fossem mais livres, no fundo da noite livre. Cristóvão, imóvel, olhava, encostado a um tronco, a cabeça escondida na ramagem ligeira. Por vezes, um pastor, agarrando uma das mulheres, arrebatava-a para a escuridão. Gemidos de pecado contente soavam na negra espessura. As feiticeiras rasgavam os últimos trapos, e nuas, hediondas, galopavam escarranchadas sobre as vassouras. A grande mulher trigueira arrebatou e enlaçou Cristóvão, com olhos que o devoravam, murmurando: “Vem!”
Ele suavemente empurrou a criatura – e só, triste, de uma tristeza infinita, começou a caminhar através do mato espesso. O seu coração sangrava. Aquela gente clamorosa não era amiga do Senhor. Perdidas estavam as suas almas. Mas por que sofriam eles tanto? O coxo dissera a verdade. Para o pobre só havia a miséria. O Senhor vinha com sua grande lança, depois o Bispo com o seu duro báculo. E quando nada restava ao pobre, uma mulher branca surgia, encostada a uma vara branca – que era a Peste. Pobres homens! Pobres criaturas! Por que não vinha o Senhor?