do Sol, içava no mastro da torre de menagem a grande bandeira de seda com as armas do Senhor. As janelas do castelo abriam-se; o sacristão varria a capela; o servo dos currais chegava, ajoujado com os seus cântaros de leite; e os pajens, cantando como pássaros que acordam, desciam correndo para o jogo de bola, ou para a liça coberta, onde o mestre de armas já experimentava as espadas, vergando as lâminas, ou examinava os ferros das lanças.
Se o tempo era claro, as damas e os meninos davam um passeio pelos altos terraços. O menino, por vezes, debruçando-se, gritava por Cristóvão, enquanto as damas respiravam o ar fresco, ou seguiam o vôo dos falcões novos, que os falcoeiros adestravam.
Ao meio dia dois trombeteiros anunciavam o jantar dos Senhores; ao portão do castelo iam-se juntando os pobres das terras senhoriais, pare receberem depois nos salões estendidos o resto dos pães, ou a carcaça das aves.
Às vezes, pela tarde, um repique de pandeiretas, de guizos, anunciava a chegada de uma companhia de menestréis e jograis: um deles, com o barrete na mão, pedia permissão para dar uma representação no pátio. As damas vinham ao balcão; todos os pajens corriam, o arquivista deitava a cabeça fora da janela da torre, os cozinheiros espreitavam de entre as reixas de feno: - e no pátio os jograis, atirando