Cristóvão jaz estendido na colina, entre os pinheiros. Um vento passa, frio e triste. Ele abre os olhos, e a custo, erguendo-se sobre a mão, olha a planície. E em toda a sua extensão, vê montões de corpos mortos, entre os quais reluzem já os olhos dos lobos. A grande lagoa está imóvel. Por cima passa a lua cheia. Uma dor imensa arrefece o seu coração. De novo os seus olhos se fecharam – e caiu inanimado.
Toda a noite, no entanto, ele reviu a batalha. De montões de Jacques mortos outros Jacques se levantavam com outros trajes, outras armas, impelidos à revolta pela mesma miséria que os oprimia. E sempre do fundo do horizonte, dos altos montes, dos cimos, desciam cavaleiros, que tinham armas diversas, gritos de guerra diversos, que carregavam, esmagavam os Jacques, os deixavam mortos, sob a grande lua cheia. mas desses, pouco a pouco, mais pálidos, outros se erguiam, brandindo picaretas de mineiros, ferramentas de oficina, mostrando os seus andrajos, os filhos esfaimados, clamando justiça. E logo, a um brado do alto, fortes esquadrões desciam, trazendo à frente magistrados, togados, homens carregados de sacos de ouro, e essa massa, caindo sobre os Jacques, de novo os prostrava, os deixava num montão, que a Lua, mais pálida e mais desmaiada, cobria de alvura e silêncio. E assim, indefinidamente, os Jacques renasciam, dos ossos