fugitivo de uma rola, eram ainda como rumores religiosos, cheios de gravidade e doçura.
O vasto Esculápio, sobre o seu altar, no alto das escadarias de mármore cor-de-rosa, sorria beneficamente na sua barba dourada, encostado ao seu bastão onde se enroscava uma cobra de bronze. Numa gaiola de cedro as duas serpentes rituais, gordas, mosqueadas de amarelo, dormiam com beatitude, enroscadas sobre fofas lãs de Mileto. A um canto, na sua cadeira de marfim, o sacerdote de serviço dormia também, com as mãos, resplandecentes de anéis, pousadas sobre o ventre, e uma ponta do manto de linho estendida sobre a face, suada e nédia. E na ara de bronze, coberta de brasa, um fumo leve, e lento, e direito, e perfumado, subia como uma prece contínua e serena. À espera do seu mestre, ele passeava na frescura dos pórticos, entre as colunas de mármore, cobertas de estelas votivas, e de cachos de mimosas, abafando, sobre as lajes bem lavadas, o ruído das suas sandálias–quando ela apareceu na longa avenida de palmeiras. Lenta, pensativa, com as mãos embrulhadas no véu leve cor de açafrão, que lhe pendia dos cabelos, ela veio caminhando, pela tira de sombra, até à escadaria de mármore, que os seus joelhos tocaram, levemente. E os seus olhos, que ergueu vagarosamente para o Deus, e onde uma lágrima bailava, eram como duas pedras preciosas