refulgindo sob água. Depois, com a mão que desembrulhara do véu, deixou cair na ara um punhado de incenso. Contemplou um instante o fumo aromático que envolveu a face do ídolo – e desceu a avenida, com passos lentos, e pesados de cuidado, sob a sombra estreita das palmeiras. Ela resplandecia de saúde e viço. Para que ser bem-amado viera pois implorar o seu Deus? Longe, sob as árvores, o seu véu, colhido num raio de Sol, reluziu como ouro. E ele não a vira, nunca mais...
Ora uma noite que assim cismava, com a cabeça encostada às rochas, sentiu perto como um rumor de sandálias, e um aroma lento de incensos. Abriu os olhos, num espanto – e no sítio da sua negra caverna alvejavam os mármores do templo, Esculápio sorria nas suas barbas douradas, a ara fumegava docemente, e Glicéria, sem véus, estendia os braços! Mas era para ele, não para o Deus, que estendia os braços suplicantes e nus. Sob a túnica, mal franzida, o seu seio arfava, como num desejo que anseia e se retém. Toda ela sorria, com as pálpebras pesadas. E o calor do seu corpo radiava através dos tecidos leves.
Tão viva e real era aquela presença que Onofre, a tremer, murmurou: «Que queres?» E já se erguia, as suas mãos mergulhavam naquelas brancuras de carne e mármore – quando tudo subitamente desapareceu, como