no Ermo. Quando desceu ao seu horto, a encher a bilha, encontrou a mimosa toda em flor e aroma.
Chegara pois a estação, doce entre todas no Egipto, Shá, a Estação dos Renovos. Já, a essa hora, na negra Etiópia, o divino Nilo estremecia, e recolhendo a boa terra negra, como um esmoler que enche os sacos, começava a sua marcha magnífica para o norte, e para os vales... E nessa noite a Lua, a que perpetuamente morre e perpetuamente renasce, surgiu sobre o Deserto, redonda e cheia como um seio, derramando a sua luz como um leite carinhoso.
Toda a noite, sentado à porta da sua caverna, Onofre embebeu os olhos na Lua, e recordava, a seu pesar, vagamente, uma cantiga da sua ama, uma escrava de raça cananeia, em que se celebrava a Lua, e a sua influência que faz fermentar os vinhos e governa o amor das mulheres.
A Lua parara sobre o mar; Onofre sentia a carícia da sua luz macia: – e todo o Deserto, com os seus rochedos e dunas, parecia voltado para ela, para se mirar no seu brilho, como num espelho suspenso.
Doces noites, então, assim passou, num imenso repouso, estirado nas lajes, e bebendo a espaços a água fresca da sua cabaça – porque a Estação dos Renovos é quente e sem orvalhos. Todo o deserto jazia em redor, alumiado,