limpo inteiramente de fantasmas e monstros, numa larga inocência, e mais seguro que um templo. O Senhor, na sua misericórdia, varrera para longe, com mão forte, o tropel disforme e roncante dos fantasmas e dos monstros. A névoa, onde se formavam os terrores, fora dissipada – e a Natureza reaparecia na sua inocência real e magnífica. E tão limpo e purificado estava todo o ar, que o canto fino da fonte subia até ele, misturado ao perfume das flores das acácias.
Como era doce, assim, a solidão!
Até as rochas perdiam, naquela suavidade da Primavera, a sua rigidez – e nem eram proas de galeras naufragadas, nem montões de crânios alvejando. Na sua brancura havia agora um calor de vida: redondas, emergindo da encosta negra, lembravam a curva macia de um ombro nu, se a túnica, cor de jacinto, escorregou; altas e lisas eram como os claros muros de uma cidade bem acolhedora, onde o viajante, que atravessou desertos, encontrou a frescura das Termas, e o alegre bulício das ruas, que cheiram a sândalo e mirra...
Um cansaço doce e lânguido oprimia o Solitário; e do seu peito, que se levantava como uma onda, saía, por vezes, sem razão, um suspiro soluçado.
Na sua caverna, não encontrava, como outrora, um sono fácil e sereno: a abóbada negra,