o duro chão da rocha, exalavam um calor macio, tocado de aroma, como se um frasco de essência se tivesse entornado, e em torno pendessem estofos e peles; e sobre o seu montão de papiros secos, ele torcia os braços, sufocado, num espreguiçamento que lhe fazia estalar os ossos fortes.
Saía ao eirado, para respirar, ocupar a vigília com a oração: – mas o nome mesmo do Senhor lhe morria nos lábios, distraído por sons estranhos, certos cheiros estranhos, que vinham de longe, da sombra. Era por vezes um riso esquivo, fino, de mulher, que se perdia entre as ramagens do horto; um bafo de forno, com um bom aroma de pão quente, trazido por uma aragem; um véu amarelo que se abria devagar, arrastava sobre as rochas. Debruçado da muralha, com o coração batendo fortemente, Onofre espreitava, escutava: – e por vezes toda a noite ali ficava, sem se mover, com os olhos cravados na escuridão, à espera, como se alguma coisa devesse chegar, deliciosa, e que ele ansiosamente apetecia, e de que não suspeitava nem o nome, nem a forma.
O dia, o radiante Sol, não lhe afugentavam estas imaginações. E cavando a terra, empedrando os canais de rega no seu vergel, ele parava, colhido vivamente pela lembrança do riso esquivo e lânguido, ou pelo cheiro do pão ao sair do forno. Ao chegar de manhã à fonte,