dromedário ajoelhou. E o homem, arrepanhando as pregas da sua vasta toga, caminhou para o Solitário, com lentidão e majestade. Depois, na grande mudez do deserto e da noite, começou, direito, grave, como se arengasse num Senado:
– Onofre, a nomeada da tua pureza e das tuas penitências transpôs o Deserto, chegou a Roma. E eu venho em nome de Honório, César, três vezes Augusto, Invencível e Senhor do Mundo, e que te saúda!
E saudou. Um brado correu entre soldados e escravos:
– Glória a César, três vezes Augusto!
E, bruscamente, o homem togado abeirou-se do Solitário que recuava, intimidado, apertando contra o peito as mãos magras por sobre as longas barbas – e num murmúrio familiar e risonho continuou:
– Onofre, aqui está a coisa imperial e formidável de que se trata. Honório, atraído pela Verdade, quer conhecer a Lei Nova. Mas quem seria bastante puro, e inspirado do Céu, para lha ensinar? Só tu, amigo! Os doutores de Alexandria e da Palestina têm almas cheias de ambição e mentira. A tua é cândida! E, pela pureza perfeita, tu atingiste a vontade perfeita. Em Roma viverás no palácio de César. E, quando César conhecer a Lei Cristã, convocará o Senado, e todo o Império será proclamado Cristão. Hem?